terça-feira, 7 de setembro de 2010

Máscaras


- Aí vem a Mariana! Tenho de pôr o meu melhor sorriso. - pensou.
- Olá André! - disse ela sorrindo. - Por aqui?
- Olá! Então, tudo bem? Sim, aproveitei o dia de hoje para saber as informações das turmas!
- Fizeste bem, também vim cá por isso. Estou bem, e tu? Como foram as férias?
- Oh, óptimas! - disse ele com um ar pouco convicente - Diverti-me imenso.
- Óptimo. Olha, tenho de ir andando. Até sexta-feira! - disse despedindo-se.
- Adeus!

 Passado um pouco, saiu da escola e dirigiu-se para casa. Pelo caminho, encontrou mais conhecidos, cumprimentando-os e sorrindo. Abriu a porta de entrada do prédio.
- Espera só um pouco! - pediu-lhe o seu vizinho que também estava a entrar.
Sorriu e segurou a porta, enquanto o senhor lhe agradecia.
*Controla-te, por favor controla-te.*
Entraram ambos no elevador, carregando no botão. André morava no 5º andar e o seu vizinho no 3º.
*Controla-te, por favor, está quase.*
O seu vizinho saiu e despediu-se, deixando-o sozinho.
*Tem calma, ainda pode aparecer alguém. Controla-te.*
Finalmente, o visor indicava que tinha chegado ao 5º andar. Abriu a porta de casa, com pressa. Fechou-a, e chorou. Chorou.

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Quantas vezes gostávamos de dizer como realmente nos sentimos?  Não arriscamos, porque "oh, é uma parvoíce, não tenho motivos para estar triste, o que é que irão pensar de mim", e porque não queremos passar os limites da nossa querida zona de conforto. Todos usamos máscaras.

6 comentários:

  1. As máscaras por vezes estão tão coladas ao nosso rosto que quase adaptamos uma nova personalidade.
    Era realmente muito bom conseguir-mos ser honestos em relação ao que estamos a sentir em determinado momento perante pessoas desconhecidas ou conhecidas... O ser humano não tem coragem de o fazer, por agora. E infelizmente.

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  2. Sim é verdade, mas nestas alturas devemos pensar mais no nosso bem estar, no que nos outros poderão pensar ou dizer de nós, porque afinal não são eles que vivem a nossa vida.. e neste caso, dizer o que sentimos *.*

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  3. tenho a minha máscara ali guardada, a descansar, ao canto. amanhã vou precisar outra vez dela. ando a precisar cada vez mais, na verdade.. e o certo é que ninguém nota as diferenças. será que ela já se fundiu na minha pele, sem dar de conta? tenho medo disso, sabes?

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  4. Concordo com a Jessica, tenho medo que um dia a minha máscara deixe de ser apenas uma máscara. Gostei muito do teu texto :)

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  5. não podemos deixar que as mascaras sejam o espelho de nós mesmos, não as podemos usar de mais, de vez em quando também temos que nos mostrar tal como somos, com as nossas fraquezas e medos, com o que sentimos. É difícil dizer o que sentimos mas depois torna-se mais difícil para nós se não o fizermos.

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  6. É bom usarmos as ditas máscaras, desde que não deixemos que as mesmas nos controlem.

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